sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Não sei brincar com bonecas - por Fabiana Campagna


Estou publicando um texto recebido da Fabiana Camapagna, do blog Monto e desmonto
Fiquei super feliz com a participação dela aqui no blog. Segue o perfil dessa escritora, segundo ela mesma, e o texto "Não sei brincar com bonecas".
“Nascida em Porto Alegre, 37 anos, mãe, curiosa, graduada em Comunicação Social – RP pela PUCRS. Neste ano assumi que gosto da escrita e fiz uma Oficina Literária com Fabrício Carpinejar, quebrando o cadeado da porta por onde passam meus sonhos e vontades. Procuro o novo nas coisas que se repetem no dia-a-dia e escrevendo percebo e vivo intensamente as novidades descobertas. E tudo que escrevo me alivia, me faz rir, me arrepia.”

Não sei Brincar com bonecas

Nunca soube brincar de boneca. Sempre preferi outras brincadeiras a colocá-las no meio do meu dia. Brincava de ser professora, secretária, de pega-pega, empurrar pneu velho no pátio do colégio, de carrinho ou andar de balanço. Qualquer coisa mais legal do que travar diálogos e encenar com Suzies – pois Barbies não são figuras da minha infância.

Mas agora eu tenho um conflito. Não muito grande, mas significativo. Minha filha me convida para brincar de Barbie. Ela tem sete anos, vinte bonequinhas e um repertório fantástico de encenações com poderosa carga dramática. Material suficiente para gerar muitas horas de brincadeira. Penso que preciso experimentar a viagem e tento entrar no clima. Em instantes, temos o mini-cenário pronto e os papéis definidos: eu sou filha e ela, a mãe. Começo a brincar e minha mente, imediatamente, dispara críticas - “Tu não sabe brincar disso, mesmo!”, “Tu é ruim nesse negócio, hein?!?”, “Ah! Vamos acabar logo com isso, pelo Amor de Deus!”. É aí que resolvo dizer a ela que não sei brincar; e digo. Vem a resposta imediata “Mãe tu brinca tri bem de boneca!” e aqueles olhos vibrantes, felizes afirmam que sou ótima no ofício. Então, suspiro, me posiciono melhor no chão do quarto, tentando me entregar mais.

Neste exato momento, percebo que a questão não é saber ou não brincar de boneca. Eu acho chato brincar com elas. Bonecas não me dizem nada. Não me inspiram. Não me tocam. Não falam, não beijam, não abraçam, não sentem. Mas o que faço? Digo que acho chato? Ou vou além dos meus conceitos? Afinal, é bem possível que elas sirvam como ponte para acessar a imaginação infantil, tão fértil, sem limites, aberta, e, no final das contas, me mostrar o quanto é fácil ser feliz. Felicidade feita de simples brincadeira e um bom abraço no final.

3 comentários:

Unknown disse...

Belo texto... eu mesma passo por isso diariamente! Será que sou uma péssima mãe porque não curto brincar de bonecas com minha filhinha? Quero crer que não, brinco um pouco e tento compensar com muito carinho e conversa. É difícil ser mãe, não é mesmo? Ao mesmo tempo fascinante e lindo... feliz de nós que podemos vivenciar tudo isso. Parabéns!

Clau

Fabiana Campagna disse...

Clau, escrevi este texto justamente pq não percebia talento ou vontade pra tal tipo de brincadeira... e isso me angustiava. Caí diversas vezes na viagem de me achar uma péssima mãe por não gostar ou querer brincar de boneca. Felizmente consegui colocar pra fora a culpa que surgia e, agora, lendo a mãe Clau tenho certeza que somos normais e podemos ficar tranquilas com o nosso jeito. Continuemos dando amor e carinho pra eles! Do melhor jeito que a gente pode dar! Obrigada por ler e te abrir.

Unknown disse...

Oi Flor,

Passei para desejar boa semana(e vai ser bem boa eu sei ;-)) e dizer que tem um mimo para vc lá no Mosaicos!

Beijo grande,

Clau