quinta-feira, 27 de março de 2008

Morena de Pintas vence concurso literário!!

Recebi o e-mail ontem comunicando que tirei o 1º lugar no 1º Concurso Literário promovido pela Fundação Brigada Militar, na categoria crônicas. Não tenho palavras para expressar minha emoção. Ainda não assimilei direito o que isso significa. Ser reconhecida dessa forma é algo que não esperava e teve um sabor de conquista maravilhoso.
Obrigada pelo incentivo de todos, que me fizeram acreditar que eu escrevia legal.
O resultado do concurso foi divulgado no site http://www.fundacaobm.org.br/conc-lit.htm
e teve a participação de 320 pessoas, de todo o Brasil e mais 8 de Portugal, concorrendo nas categorias crônica, conto e poesia.
A premiação será o pagamento do valor de R$ 500,00, mais a publicação numa antologia com os trabalhos do concurso.
Ah, não concorri com o pseudônimo de Morena de Pintas, mas de Sirena
Abaixo a crônica vencedora.

ESCOLHAS

Queria um cachorro, ganhei um passarinho. Queria tocar piano, ganhei um violão. Queria estudar Educação Física, fiz Direito.
Eu até gostava do Fininho, meu canarinho. Só que cachorro tinha tão mais a ver comigo. O do meu tio, por exemplo, era um vira-lata. Mas com nome de gente: Mário Sérgio, por causa do jogador do Inter, eu acho. Mário Sérgio sempre foi muito companheiro. Seguia a mim e a minhas primas. Fazia festa quando nos via. Falava com os olhos. Ganhava comida por ser alegre. Eu era assim e queria um bicho como eu. O Fininho combinava com o jeito do meu pai. Calmo, não incomodava ninguém, não dava trabalho, nem existia.
A paixão pelo piano não sei de onde veio, sei que gostava. Meu pai me convenceu do contrário.
- Como é que tu vai tocar numa festa para os amigos, vai ter que levar o piano nas costas? Violão é muito melhor, você leva pra onde quiser.
- Tá bom. – concordei. Gostava tanto de meu pai que me deixava levar.
Depois percebi. Não queria tocar em festas para os amigos, queria tocar para mim. Meu pai é que gostava de roda de violão com os amigos dele – tocava tambor - tomando chope, madrugada afora. Talvez quisesse tocar violão. Eu não. O violão não foi longe, por mais que gostasse de música.
Gostava de estudar. No fim do terceiro ano, decidi fazer vestibular para Educação Física. Passei em primeiro lugar. Não adiantou. Até piorou. Meu pai foi à loucura. Disse que não ia pagar o curso.
Fiz as disciplinas do básico e suspendi. Quando já podia pagar minha própria faculdade, resolvi fazer Direito. Por coincidência, meu pai aprovou, mas aí eu já caminhava sozinha. Também tive meu próprio cachorro e me formei no que eu quis. Já o piano, optei por outras prioridades.
Criança não tem vontade. Os pais escolhem. No entanto, aquilo que eles desejariam ter feito – que o filho estudasse isso, que fosse aquilo. E o convencem. No final, até você acredita que queria aquilo. Uma ponta de frustração sempre fica. O bom é que quando adulto você resolve.
Ou vai para a terapia.
Ou tem filhos.

O Valor da mulher - uma outra versão (publicado no jornal VS de São Leopoldo em 18-03-08 e no O Sul em 30-05-08)

Recentemente comemorado, o dia internacional da mulher.
Não na casa de D. Maria.
A busca da afirmação do papel da mulher na sociedade não lhe diz respeito.
No seu barraco de uma peça, ainda chove dentro, o chão continua de terra e seu filho chora de fome.
Os hematomas da última surra que levou do companheiro estão desaparecendo, mas ela sabe que é só até a próxima bebedeira, quando ele implicar com alguma coisa e descontar nela. Da última vez, inventou que ela estava trazendo homem para dentro de casa e, por conta disso, atirou-a contra o chão várias vezes, além de humilhá-la, chamando-a de vagabunda e outros insultos.
Desistiu de registrar ocorrência policial ao lembrar que, da outra vez, além de não resolver seu problema, apanhou tanto que ficou sem enxergar por três dias.
Suas vizinhas falaram que agora não precisava mais se preocupar, pois tinha uma tal de Lei Maria da Penha que protege as mulheres, que o João do beco já foi preso por bater na Rosa e, o Zé Bento, por ameaçar a Jura e quebrar a casa dela.
D. Maria não sabe que Maria da Penha é essa, com nome igual ao seu, mas não tem esperança de que as autoridades resolvam seu problema. Cresceu apanhando e vendo sua mãe apanhar do padrasto. Rezava para que o pai, que ela não conheceu, viesse e as livrasse daquela vida. Ele nunca apareceu. Talvez sua mãe sequer soubesse quem ele era.
Queria se separar do companheiro violento. Como? Se, a casa era dele, não tinha para onde ir, era sustentada, e perdera o emprego de faxina depois que a criança nasceu. Tendo que alimentar o filho, vai-se agüentando de qualquer jeito.
Como muitas outras Marias, nada sabe sobre a paridade homem/mulher, sobre a emancipação ou seus direitos. Seu único modelo é o de violência familiar, que ela aceita sem questionar, pois não conhece outro.
As lutas e conquistas de mulheres vencedoras convivem com as histórias de vida dessas Marias, que seguem subjugadas, suportando caladas maus tratos, humilhações e torturas psicológicas, por medo, falta de oportunidades, de condições materiais e até psíquicas de assumirem o controle de suas próprias vidas.
Com o passar do tempo, até é possível nos acostumarmos com a dor das feridas abertas, mas não significa que elas não estejam ali, maculando todo o corpo social.
A Lei Maria da Penha deu um passo importante no sentido de proteger as vítimas e dar o devido encaminhamento a tão delicado problema, que é menos jurídico que social. Uma completa mudança de percepção e atitude no que diz respeito à diminuição da tolerância à violência doméstica, ainda precisa ser alcançada, permitindo-se que a valorização e dignidade da pessoa humana sejam estendidas às mulheres de todos os extratos sociais. Quem sabe num próximo 8 de março, mais Marias possam comemorar.

disponível no endereço http://www.ziptop.com.br/vp/jornalvs/default.asp?ed=980

sábado, 8 de março de 2008

Ana Carolina em Porto Alegre

"Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na sua"
Mulher de extremos, após Iron Maden na quarta, hoje, Ana Carolina.
Maravilhoso!!
A dificuldade foi agüentar a saudade!!

Iron Maden

Fui com a Andreia nesse super show.
Surpeendi-me com a qualidade do som produzido pela banda. Os três guitarristas arrasaram. Não sei como eles se entendiam, mas foi demais!!
Eletrizante, do início ao fim.
Gigantinho completamente lotado de pessoas que não pararam um minuto e que sabiam cantar todas as letras. Fomos contagiadas por tamanha energia.
Algumas peculiaridades: 90% do público era homem, onde mais de 50% devia ter tatuagem e estilo metaleiro. Nós éramos duas patricinhas perdidas naquele meio, mas foi super tranquilo. Curtimos o show sem nenhum problema.
Duas horas de rock, pesado e perfeito.
A "Dama de Ferro" conquistou mais duas fãs.

domingo, 2 de março de 2008

Escrever? Como Assim?

Estava pensando de onde surgiu essa minha vontade de ser escritora, de onde vem essa facilidade de escrever.
Quando criança, liam-me histórias. Na adolescência, eu escrevia um diário. Pode ser daí minha tendência a narrar as coisas que acontecem comigo ou adaptá-las aos meus textos.
Lembro que gostava de ler os best-sellers que meu pai comprava. Por minhas mãos passaram Sidney Sheldon, Stephen King e outros. Também fui rata de biblioteca durante uma época do colégio. Mas antes disso, tudo que tinha na minha casa. Naquele período, não tinha condições de avaliar a qualidade literária do que estava lendo, mas continuei devorando tudo o que caia na minha mão, inclusive os livros indicados no colégio, que lia com prazer, enquanto outros odiavam.
Tive uma professora na 4ª série, da qual eu gostava muito, que dizia da importância de ler, que devíamos ler tudo que aparecesse, desde rótulos, placas, outdoors, a revistas, jornais e livros. Eu não sabia bem o porquê daquilo, mas confiei que poderia me ser de alguma utilidade no futuro. O hábito da leitura foi uma constante em minha vida desde então.
Depois que entrei para a faculdade de Direito e iniciei a dura vida de estudar para concursos a literatura ficou meio abandonada. Os livros jurídicos tomavam todo o meu tempo. E então, já Promotora de Justiça, retomei parcamente outras leituras "entretenimento", porque o excesso de trabalho não permitia que me dedicasse a este prazer.
Foi depois de terminar um mestrado que tudo mudou. Já não agüentava mais leituras jurídicas, eu queria algo mais interessante. Eu tinha sede de arte e pensei: a essa altura do campeonato, fica difícil começar a tocar um instrumento, fazer teatro, dança essas coisas. O que melhor sei fazer é escrever. Tinha feira do livro e timidamente me inscrevi para algumas oficinas literárias. Fiz uma de crônica com o Carpinejar com a qual me identifiquei muito. Daí já surgiu o convite para o curso de Formação de Escritores da Unisinos, o qual curso atualmente.
O mais legal de tudo isso é sentir que estou aprendendo técnicas, cada vez me expressando melhor, e pessoas elogiando o meu trabalho. O contato com professores e escritores renomados e a troca de experiências fazem com que eu acredite que é possível escrever bem, basta ler bons livros, ter muita vontade, dedicação e disciplina. Esse negócio de inspiração, segundo eles, é bobagem. Bom, vontade é o que não me falta, estou tentando adquirir os demais. Vejamos que tipo de escritora sairá daqui!

sábado, 1 de março de 2008

La Confraria

La Confraria, na primeira reunião do ano na casa da LU (está faltando a Ivana e a Lessa que não compareceram)
As cozinheiras - Adri e Guta - com seus risotos maravilhosos
Virou moda, mas não a criamos por isso. Foi por acaso, fruto da amizade e do desejo de estarmos juntas.
Mulheres poderosas, resolvidas, financeiramente independentes (uau!!), reunidas para trocar idéias, dar risada, jogar conversa fora, descontrair.
Taí uma fórmula no-stress: estar entre amigas e rir.
Não temos um nome, não precisamos nos autodenominar.
Todas sabemos bem o que queremos, embora gostemos da opinião umas das outras.
Sim, também falamos da vida alheia e palpitamos sobre a dos outros (atire a primeira pedra que nunca fez isso). Tudo é aprendizado.
Os mais diversos assuntos circulam por nossa pauta: dicas de beleza, de sedução, receitas culinárias, livros interessantes, filmes, peças de teatro, shows, namoros, maridos, filhos, bichos de estimação, parentes, problemas, soluções.
Certo, às vezes é inevitável falar de trabalho. Temos consciência que a confraria não combina com ele e fugimos logo para outros mundos.
Cada encontro renderia uma crônica animada, às vezes até caliente, dados a certos tópicos que acabam vindo à tona.
Ao final, todas revitalizadas da troca de experiências e mais leves.
É muito interessante estar com pessoas interessantes. Presente para a cabeça e para a alma.
Muito bem, gurias, somos puro entretenimento!!!