Se você é pai ou mãe em algum
momento passará pelo suplício de dúvidas que é escolher a escola do seu filho.
Esses dias, uma mãe me questionou acerca da escola do Gabriel e lembrei que
passei pelo suplício da escolha ano passado, por volta de julho, quando começa
a romaria de reserva de vagas e matrículas para o ano seguinte. Respondi todas
as questões que sabia e recomendei muito que ela fosse conhecer a escola para
sentir o ambiente e questionar sobre a proposta pedagógica. Parece pouco,
mas é o que vai movê-lo em direção à uma escola ou outra. No meu caso, eu
estava com uma seleção de três estabelecimentos de ensino. Uma com proposta
construtivista e duas “conteudistas” ou tradicionais. Foram algumas noites mal
dormidas.
Eu fiquei muito impressionada
positivamente pela escola construtivista, mas meu marido não se identificou. A
metodologia de ensino é toda diferente e é difícil explicar o porquê de não
tê-la escolhido sem parecermos burocratas. Características como a de aplicar um
ensino mais lúdico, que dá mais liberdade aos alunos e respeita o tempo e a
individualidade de cada um, podem atrair os pais ou assustá-los pela quebra de
paradigma.
Assim, entendendo que a
escola deveria corresponder não só às minhas expectativas, mas a do meu marido
e o perfil da criança, restringimos a escolha às duas tradicionais da nossa
lista, que tinham propostas pedagógicas bem próximas.
Uma delas se destacava pela
estrutura física diferenciada, em meio à natureza. Mas a conversa com outras
mães me deixou receosa, pois ficou claro que o diálogo não era o forte daquele
estabelecimento de ensino. Embora muitas me contassem que seus filhos adoravam
a escola e estavam bem adaptados, apesar de ser bem rigorosa na disciplina e na
quantidade de matéria ensinada, foi-me narrada situação em que os pais
discordaram do valor cobrado por uma festa de final de ano, e a direção
sumariamente cancelou o evento sem conversa.
Outra pessoa referiu que, na
sua visão, as reuniões serviam apenas para comunicar os assuntos, pois a
docência não ouvia os pais.
Ainda havia relatos de
questões relacionadas à competição entre os alunos pela ostentação de itens de
maior valor ( Smartphone, Tablets, tênis, mochila, viagens, etc) e estímulo ao
consumismo.
Eu precisava de mais
informações, pois realmente tinha gostado da escola e era a mais próxima da
nossa casa. Então pedi para entrar num grupo de pais no Facebook e observei
pelas conversas, que estavam criticando alguns pontos da escola, que precisavam
ser melhoradas e tal, o que é salutar no meu ponto de vista e para isso serve
um grupo de pais. Lá pelas tantas, uma professora informou que ela e as demais
professoras iriam se retirar do grupo porque não coadunavam com aquelas
críticas. Fiquei chocada, não se pode fazer críticas. Foi aí que tive certeza
que esta escola não servia.
Falemos da nossa escolha.
Igualmente conversei com
muitas mães antes de decidir, todavia o que me fez optar por esta foi o quanto
me senti bem lá dentro, por mais que a estrutura física fosse a mais modesta
dentre as três. Deu para perceber que as professoras e funcionárias amam o que
fazem e são muito acolhedoras aos pais e alunos. Além disso, a proposta
pedagógica é bem adequada. Há bastante conteúdo, porém o lado humano é muito
valorizado. A escola é pequena, seu filho não é só mais um, ele é conhecido por
todos pelo nome e suas características. As crianças têm encontros semanais com
a psicóloga para tratar das relações sociais e para ajudá-las lidar com
eventuais dificuldades relacionadas à convivência escolar. Considerando que
elas passam grande parte do tempo na escola, salutar esse espaço de diálogo
sobre as regras de convivência e resolução de conflitos. A administração é
muito acessível no trato das preocupações e reinvidicações dos pais, estando
sempre disponível para a resolução de problemas, o que é uma tranquilidade para
os pais e cria uma relação de confiança. Gabriel está muito bem adaptado no
novo colégio, com fortes vínculos de amizade, sendo visível sua evolução. Aos
seis anos aprendeu a ler assim que chegou e já consegue ler livros sozinho. A
leitura é muito valorizada por lá.
Claro que a sua
satisfação depende de o que você imagina de uma escola. Minhas amigas têm as
filhas naquela de método construtivista e estão apaixonadas. Mesmo as mães que
me contaram os episódios da escola mais rígida seguem com os filhos lá, pois a
disciplina e rigor são valores que elas prezam. O que para mim talvez seja
visto como não aceitável, para elas é primordial e faz parte do esperado.
Entendam que não estou
criticando esse ou aquele método de ensino. A questão é ter muito presente a
sua expectativa em relação ao ensino, o que você deseja para seu filho e
aí contam muito até mesmo as suas experiências pessoais com a sua própria
escola no passado e a proposta pedagógica vivenciada.
O meu objetivo com esse texto
é apenas ajudar, se possível, outros pais nessa decisão tão importante, que vai
marcar e moldar para sempre a vida da criança, mostrando alguns aspectos que
considerei para tomar minha decisão.
Se eu fosse listar os passos
da Angela para a escolha de uma escola, seriam:
1) selecione duas ou três que
mais lhe agradam dentro do seu orçamento e localização desejados; 2) marque uma
entrevista e visite o estabelecimento de ensino, faça perguntas, tire todas as
suas dúvidas; 3) sinta o ambiente e o atendimento prestado pelos que lá
trabalham; observe a estrutura física e humana; o andamento da escola; e se
possível, como os alunos se relacionam no ambiente, como eles são tratados;
como a escola vê os alunos e seus pais 4) conheça a proposta pedagógica e
analise se ela está de acordo com o que você idealiza; 5) verifique a grade de
matérias e as atividades extracurriculares oferecidas; 6) pesquise o site da
escola para verificar as informações oficiais a respeito desta, ao que ela se
propõe, etc.; 7) visite páginas e grupos de facebook da escola e dos pais para
saber o que pensam, suas angústias e satisfações; 8) converse com outros pais,
mas decida por você mesmo, pois como eu disse, o que é bom pra eles pode não
ser pra você.
Talvez você ache que estou
hipervalorizando essa escolha, pois sempre é possível trocar de escola. Mas não
é melhor fazer uma pesquisa prévia e tentar (digo tentar porque mesmo com esses
cuidados não há garantia de acerto) poupar seu filho do estresse de mais uma
mudança, troca de ambiente, de amigos e toda uma nova adaptação? Nós gostamos
de ter acertado e é muito gratificante ver que meu menino está ótimo, adaptado,
feliz, aprendendo. Boa sorte! Se alguma dessas dicas ajudar, já terá valido
escrever este texto.