sábado, 20 de agosto de 2016

Os (meus) Oito Passos Para a Escolha de Uma Escola


Se você é pai ou mãe em algum momento passará pelo suplício de dúvidas que é escolher a escola do seu filho. Esses dias, uma mãe me questionou acerca da escola do Gabriel e lembrei que passei pelo suplício da escolha ano passado, por volta de julho, quando começa a romaria de reserva de vagas e matrículas para o ano seguinte. Respondi todas as questões que sabia e recomendei muito que ela fosse conhecer a escola para sentir o ambiente e questionar sobre a proposta pedagógica. Parece pouco, mas é o que vai movê-lo em direção à uma escola ou outra. No meu caso, eu estava com uma seleção de três estabelecimentos de ensino. Uma com proposta construtivista e duas “conteudistas” ou tradicionais. Foram algumas noites mal dormidas.
Eu fiquei muito impressionada positivamente pela escola construtivista, mas meu marido não se identificou. A metodologia de ensino é toda diferente e é difícil explicar o porquê de não tê-la escolhido sem parecermos burocratas. Características como a de aplicar um ensino mais lúdico, que dá mais liberdade aos alunos e respeita o tempo e a individualidade de cada um, podem atrair os pais ou assustá-los pela quebra de paradigma.
Assim, entendendo que a escola deveria corresponder não só às minhas expectativas, mas a do meu marido e o perfil da criança, restringimos a escolha às duas tradicionais da nossa lista, que tinham propostas pedagógicas bem próximas.
Uma delas se destacava pela estrutura física diferenciada, em meio à natureza. Mas a conversa com outras mães me deixou receosa, pois ficou claro que o diálogo não era o forte daquele estabelecimento de ensino. Embora muitas me contassem que seus filhos adoravam a escola e estavam bem adaptados, apesar de ser bem rigorosa na disciplina e na quantidade de matéria ensinada, foi-me narrada situação em que os pais discordaram do valor cobrado por uma festa de final de ano, e a direção sumariamente cancelou o evento sem conversa.
Outra pessoa referiu que, na sua visão, as reuniões serviam apenas para comunicar os assuntos, pois a docência não ouvia os pais.
Ainda havia relatos de questões relacionadas à competição entre os alunos pela ostentação de itens de maior valor ( Smartphone, Tablets, tênis, mochila, viagens, etc) e estímulo ao consumismo.
Eu precisava de mais informações, pois realmente tinha gostado da escola e era a mais próxima da nossa casa. Então pedi para entrar num grupo de pais no Facebook e observei pelas conversas, que estavam criticando alguns pontos da escola, que precisavam ser melhoradas e tal, o que é salutar no meu ponto de vista e para isso serve um grupo de pais. Lá pelas tantas, uma professora informou que ela e as demais professoras iriam se retirar do grupo porque não coadunavam com aquelas críticas. Fiquei chocada, não se pode fazer críticas. Foi aí que tive certeza que esta escola não servia. 
Falemos da nossa escolha.
Igualmente conversei com muitas mães antes de decidir, todavia o que me fez optar por esta foi o quanto me senti bem lá dentro, por mais que a estrutura física fosse a mais modesta dentre as três. Deu para perceber que as professoras e funcionárias amam o que fazem e são muito acolhedoras aos pais e alunos. Além disso, a proposta pedagógica é bem adequada. Há bastante conteúdo, porém o lado humano é muito valorizado. A escola é pequena, seu filho não é só mais um, ele é conhecido por todos pelo nome e suas características. As crianças têm encontros semanais com a psicóloga para tratar das relações sociais e para ajudá-las lidar com eventuais dificuldades relacionadas à convivência escolar. Considerando que elas passam grande parte do tempo na escola, salutar esse espaço de diálogo sobre as regras de convivência e resolução de conflitos. A administração é muito acessível no trato das preocupações e reinvidicações dos pais, estando sempre disponível para a resolução de problemas, o que é uma tranquilidade para os pais e cria uma relação de confiança. Gabriel está muito bem adaptado no novo colégio, com fortes vínculos de amizade, sendo visível sua evolução. Aos seis anos aprendeu a ler assim que chegou e já consegue ler livros sozinho. A leitura é muito valorizada por lá.
Claro que a sua satisfação depende de o que você imagina de uma escola. Minhas amigas têm as filhas naquela de método construtivista e estão apaixonadas. Mesmo as mães que me contaram os episódios da escola mais rígida seguem com os filhos lá, pois a disciplina e rigor são valores que elas prezam. O que para mim talvez seja visto como não aceitável, para elas é primordial e faz parte do esperado. 
Entendam que não estou criticando esse ou aquele método de ensino. A questão é ter muito presente a sua expectativa em relação ao ensino, o que você deseja para seu filho e aí contam muito até mesmo as suas experiências pessoais com a sua própria escola no passado e a proposta pedagógica vivenciada.
O meu objetivo com esse texto é apenas ajudar, se possível, outros pais nessa decisão tão importante, que vai marcar e moldar para sempre a vida da criança, mostrando alguns aspectos que considerei para tomar minha decisão.
Se eu fosse listar os passos da Angela para a escolha de uma escola, seriam:
1) selecione duas ou três que mais lhe agradam dentro do seu orçamento e localização desejados; 2) marque uma entrevista e visite o estabelecimento de ensino, faça perguntas, tire todas as suas dúvidas; 3) sinta o ambiente e o atendimento prestado pelos que lá trabalham; observe a estrutura física e humana; o andamento da escola; e se possível, como os alunos se relacionam no ambiente, como eles são tratados; como a escola vê os alunos e seus pais 4) conheça a proposta pedagógica e analise se ela está de acordo com o que você idealiza; 5) verifique a grade de matérias e as atividades extracurriculares oferecidas; 6) pesquise o site da escola para verificar as informações oficiais a respeito desta, ao que ela se propõe, etc.; 7) visite páginas e grupos de facebook da escola e dos pais para saber o que pensam, suas angústias e satisfações; 8) converse com outros pais, mas decida por você mesmo, pois como eu disse, o que é bom pra eles pode não ser pra você. 
Talvez você ache que estou hipervalorizando essa escolha, pois sempre é possível trocar de escola. Mas não é melhor fazer uma pesquisa prévia e tentar (digo tentar porque mesmo com esses cuidados não há garantia de acerto) poupar seu filho do estresse de mais uma mudança, troca de ambiente, de amigos e toda uma nova adaptação? Nós gostamos de ter acertado e é muito gratificante ver que meu menino está ótimo, adaptado, feliz, aprendendo. Boa sorte! Se alguma dessas dicas ajudar, já terá valido escrever este texto. 


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