Eu ando lendo, pensando, escrevendo e
falando sobre metas, produtividade, empreendedorismo, marketing digital. Espera
um pouco, cadê a minha poesia? Eu sou escritora e tenho que escrever sobre
aquilo que toca a alma, que é o que tem graça de escrever, o que eu gosto de
ler, o que emociona. Onde foi, então, que me perdi?
Certo, eu sei que, na era da
informação, para alguém querer ler o que eu escrevo, é preciso se promover, ser
conhecida, e, desde que reativei o blog e meus canais de publicação, facebook,
instagram, you tube, tenho deixado o olhar poético em segundo plano e me
dedicado a aprender como chegar no meu público, divulgar conteúdo, meu livro
infantil, Picolé Lelé, etc, dentre outras questões
que não tem a ver com o conteúdo.
Aí eu fui num evento que tinha como
tema o enfrentamento do medo, e como ter coragem de ser você mesmo. E eu chorei
em vários momentos, quando encontrei poesia na fala, quando encontrei
sentimento exposto, quando encontrei humanidades, fraquezas e superações. Eu chorei
ouvindo a filha do Rubem Alves falar do pai, falar de coisas da alma, do
coração. E chorei ouvindo a moça da plateia contar que o Rubem Alves ia à sua
escola, quando ela era criança, e pedia pela menina que dançava, e pedia um
abraço, entregava-lhe um livro com dedicatória à menina dos olhos que dançavam,
e o resto eu não sei, porque já não conseguia ouvir e entender o final, pois a
emoção já tomava conta de todos, e também daquela que narrava o episódio, com
voz sumida, pois igualmente engasgada. E eu chorei, do nada, no restaurante,
diante da companhia de uma pessoa incrível, de um prato impecável, de um
clericot delicioso, e da meia-luz que enfeitava o ambiente de sombras
dançantes, como a menina do Rubem Alves, e porque eu me dei conta que era
feliz, a felicidade vinha de coisas simples, e não podia contê-la em mim. Ela
transbordou dos meus olhos.
Então eu percebi que preciso voltar à
minha essência, dar atenção à minha emoção, à minha intensidade, que é o que me
move e me faz sorrir. Minha alma não está na planilha de metas e produtividade.
Está no sentir o calor do sol na minha pele, no abraço do meu filho, no pulsar
do meu coração perto de quem eu amo, no que faz o meu olho brilhar. E é sobre
isso que volto a escrever a partir de agora. Porque não sou matéria, sou
emoção.
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