sábado, 15 de setembro de 2007

Horas sem cor

São três da manhã.
Pensamentos doidos,
sentimentos em preto e branco,
a porta se fecha trancando o ruído acolhedor e as pessoas do lado de fora.
Aqui dentro, tudo é silêncio, mas não em minha alma...

Estou sem você... sem chão...sem paredes, teto...
sem a casa toda.

No apartamento vazio, uma conspiração:
a cama, o sofá, o carpete, a banheira...
olham questionadores,
aumentam meu desejo de ter você por perto,
invadindo todos os espaços,
os meus espaços.
Devolvo o olhar, não tenho a resposta, não sei quando...
o que mais quero é estar com você.
Se prestar atenção, a batida descompassada que rompe a completa inexistência de sons tem seu nome.
Um aquário, essa sou eu
Parece que todos (até os móveis) podem enxergar você através de mim,
lêem minha mente,
percebem que me falta metade,
por mais que eu disfarce.
Que posso fazer se nada tem graça sem vc...

Uma voz sonolenta e doce de menino pequeno atende.
Noto que sorrio por dentro, embora tenha quase certeza que deva estar estampado na minha cara toda.
Você mexeu os ponteiros e eles andaram.
Os sentimentos agora são coloridos,
e as horas...
O coração se acalma, me sinto bem.

Quem sabe vc não sente o mesmo que eu,
quando me liga no meio da noite
e diz as coisas mais queridas do mundo?
Espero que passem logo esses longos meses cheios de horas sem cor.

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