segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Politicamente Corretos


Malas na porta
Continuando minha inserção no "american way of life" começo falando da minha surpresa, ao chegar no aeroporto de San Diego e constatar que minha bagagem saía numa esteira que estava diretamente no saguão, onde a porta dava para diretamente para a rua. Isto é, todas as pessoas que esperavam os passageiros que chegavam dos vôos tinham acesso à esteira e se alguém resolvesse levar uma mala daquelas, sabe-se lá como fazer para recuperá-la.
Sei lá, para uma brasileira é muito estranho. Tudo bem que eles quase não tenham criminalidade, mas um pouco de precaução não faria mal a ninguém. Se some a bagagem de alguém, imagina a incomodação?
Entregas do correio deixadas na porta externa do ap
Lembro, também, que, em Washington, quando morei lá no ano passado, as pessoas faziam compras pela internet, e o correio deixava as entregas nas portas dos respectivos apartamentos, na área comum do prédio, e ninguém mexia nas coisas de ninguém. Até fiz umas compras na Amazon e, quando chegava em casa, elas estavam lá na minha porta me esperando.
Ah, se essas cenas fossem no Brasil...
Auto-atendimento no mercado
A Linda entrou no supermercado com o carrinho cheio de compras do concorrente, ninguém parou-a na entrada exigindo que deixasse tudo na portaria ou que ensacasse e lacrasse as coisas para que não houvesse a possibilidade de colocar algum produto nas bolsas dos clientes. Pois ela não só fez compras, colocando-as no mesmo carrinho onde já estavam as outras compras, como passou os produtos na máquina de auto-atendimento pagou, ensacou as demais compras e foi embora, sem a intervenção de ninguém. Imaginem esse sistema no terceiro mundo... No way!
Sacolas de papel
Ah, a onda de prevenção do meio ambiente também chegou por aqui. No supermercado, fazem questão de usar sacolas de papel (que imagino serem de papel reciclado, ou não haveria razão de ser) ao invés das de plástico ou trazem a sua própria sacola de pano de casa. Na maioria dos banheiros, há máquina de ar quente para secar as mãos ao invés de papel toalha, para poupar as árvores. Nesse caso, para mim, já é um contra-senso, pois a energia elétrica também é produto escasso. Sua obtenção geralmente vem de hidroelétricas que, para existirem, necessitam alagar regiões inteiras, prejudicando a fauna e a flora e blá, blá, blá, não vou me estender, pois o assunto mereceria um capítulo à parte. Fica apenas a pergunta: Só o Brasil tem crise energética?
No smoke, no alcoohol, no glass bottles
Na praia, em Pacific Bay, observei escrito no murinho que separa a calçada da areia, a seguinte incrição: No smoke, no alcoohol, no glass bottles (foto acima). Uau! Pareceu-me tão exagerado. E a gente reclamando da lei seca. Pelo menos, tenho que admitir, que as praias são muito mais limpas e ordeiras que as nossas. Mas também muito mais sérias! Além disso, mais uma vez, temos os bons pagando pelos maus .
Mais tarde, num bar, sentei com meus colegas da escola numa mesa na calçada e não pudemos beber nada de álcool, porque estávamos sentados na rua, e na rua não pode beber álcool.
- Só se tiver uma cerca – explicou a garçonete. Olhamos uns para os outros, como quem não estava entendendo, pois no bar tinha uma cerca ao redor de onde estavam as mesas. Então ela explicou que tinha que ser uma cerca completamente fechada, não podia ter abertura alguma para a calçada e aquela tinha. Olhei para o bar ao lado, onde as pessoas bebiam numa espécie de "xiqueirinho de criança", onde a gente deixa elas cercadinhas para não ter problema de fazer nada errado? Pois é, lá só quem está no "xiqueirinho fechado" pode beber álcool.
Salva-vidas de piscina
Acabei me lembrando de outra esquisitice. Lá no meu condomínio em Washington, tinha salva-vidas na piscina. É sério! E o pior de tudo é que de tanto em tanto tempo ele(ou ela) gritava: break time, 15 minutes. E todo mundo imediatamente saia da piscina – adultos e crianças. Aí passados os 15 minutos, ele (ou ela) voltava e dizia: work time. E todo mundo voltava para a água. E assim era o dia tudo: lunch time, break time, work time! Vamos combinar que é muita neurose, não? A presença do salva-vidas, além de encarecer o valor do condomínio, transformava o ir à piscina em um momento de estresse, pois toda vez que eu entrava na água, parecia que, a qualquer momento ele ia gritar break time e eu ia ter que sair.
Isso sim é legítima coisa de americano! É tudo tão politicamente correto que chega a dar raiva!

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