sábado, 6 de outubro de 2007

Big Brother

(foto Capitólio - Washington DC)
Faz um pouco mais de um mês que cheguei em Washington e acho que até o final do meu curso, em dezembro, devo matar alguém kkkkkkkk.
É sério! Começo a compreender o que aquelas pessoas que participam do Big Brother sentem. São colocados dentro de uma casa, onde não podem sair, com um bando de gente desconhecida, cada um com suas manias, idiossincrasias, convivendo vinte quatro horas por dia. Só pode acabar em confusão, intriga, briga, essas coisas.
O que isso tem a ver comigo? Bem estou num outro país, sozinha, de onde não posso sair até dezembro, fazendo um curso de macroeconomia, dificílimo (e em inglês), que não tenho a mínima noção e convivendo praticamente todos os dias (ou no mínimo três vezes por semana), manhã e tarde, com mais sete pessoas que acabei de conhecer e estão na mesma situação que eu. Jamais fui uma mulher estressada ou de me indispor com as pessoas. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa calma, pacienciosa e de fácil trato. Não é o que se tem visto aqui.
O convívio com estes colegas, principalmente com alguns dos rapazes, tem despertado um lado meu que eu não sabia que tinha ou não conhecia. Não sei se é toda essa situação inusitada de estar num país diferente, outra cultura, longe dos amigos e das pessoas queridas, as dificuldades inerentes a tudo isso, sei eu, o que acontece é que começamos com pequenas discussões que estão ficando cada vez mais sérias.
Os rapazes têm o hábito de fazer umas brincadeiras um tanto ofensivas (que até acho que deve ser comum entre os homens) e não sei se é a convivência, a proximidade, que acabam quebrando as barreiras do respeito entre as pessoas ou o quê, mas elas estão cada vez ficando mais pesadas e melindrosas. Por fim, vejo-me sendo ríspida e dizendo coisas rudes que habitualmente não diria. Lei da ação e reação. Dá a impressão que estão testando os meus limites para ver até onde agüento. Só que, estando todo mundo com os nervos à flor da pele e estressados, acaba cada um dizendo o que quer e ouvindo o que não quer.
Tenho consciência de que preciso melhorar minha atitude, não devo aceitar as provocações ou replicar, mas será que só eu me dou conta disso? Será que eles não vão perceber que está demais e devem ter mais cuidado com o que falam? Provavelmente não. Poucas pessoas fazem auto-análise e revêem seus erros.
Preciso parar de agir dessa maneira ou logo vou ser colocada no paredão, como a chata, estressada da turma, ou a que não sabe brincar, porém confesso que está difícil. Quem sabe se tentasse meditação, ioga, algo zen. Se conseguir superar isso, terei aprendido grandes lições de vida, de equilíbrio, de autocontrole. Juro que estou me esforçando. Entretanto, pequenos incidentes ficam ultradimensionados aqui e há perigo de explosão a qualquer momento. Difícil evitar. Não tem para onde fugir. Washington é a casa do Big Brother dessas oito pessoas.
Haverá uma recompensa por ficar quatro meses aprisionada em outro país com um bando de gentlemen? Não percam os próximos capítulos dessa versão do Big Brother em Washington.

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