Alguns ficaram surpresos (inclusive eu)com a notícia de que vou ser mamãe. Mas a idéia não é nova, há tempo esse desejo me acompanha. Só que não é assim tão simples ter um filho hoje em dia. Depois de muito pensar, eu e o Gu achamos que para 2009 estava bem, então...que foi mais depressa do que pensávamos e eis que vamos rechear as meinhas vermelhas logo logo. Para provar que não foi descuido, compartilho esse momento de emoção com uma crônica que escrevi ano passado, em setembro:
Bisbilhotando as prateleira da loja, comovi-me com um par de meinhas vermelhas de bebê. Meu instinto materno aflorou imediatamente. Imaginei um bebezinho dentro delas chacoalhando os pezinhos no ar e sorrindo, afinal estava quentinho, sequinho, e tinha um par de meias vermelhas, rechonchudas para tentar pegar. Que mais ele quereria da vida? Enquanto isso, a mamãe coruja observava-lhe todos os movimentos, entretida com aquela brincadeira. Criança é casa cheia, não há lugar para o tédio. Vai sempre surpreender com um novo gracejo.
Comprei as meinhas. A idéia havia me feito sorrir, pois imaginei o filho que ainda não tinha.
Sentimentos confusos de medo e dúvida de como seria a vida depois da vinda de uma criança me fizeram, como fazem várias mulheres da minha geração, adiar uma gravidez. No entanto, chega uma hora que parece que o desejo e a felicidade de poder cuidar de um serzinho superam a instabilidade emocional e começam a falar mais alto. Daí que comprei as meinhas vermelhas e bichinhos de pelúcia. A próxima etapa talvez seja a da mamadeira e das roupinhas. Depois só falta tornar o bebê real, o que não é tão simples assim, pois implica em abdicar várias coisas, além de demandar uma estrutura de casa, marido, finanças que nem sempre estão em equilíbrio ou existem no momento que se decide ter filho.
Minha amiga teve bebê recentemente, e fiquei eu imaginando como seria a sensação dela ao ver a carinha da filha pela primeira vez. Deve ser uma das maiores emoções que alguém pode ter. Cobertor para a alma e o coração. Penso que a pessoa nunca mais se sente sozinha e encontra um outro sentido para sua existência. Como na época da infância, voltamos a brincar de bonecas, sem querer, imitando o que nossas mães faziam e diziam para a gente. Gotinhas de amor transferidas através do leite, das palavras, do banho, das canções de ninar, das historinhas infantis, das noites insones, do sorriso, do beijo, do abraço.
No meu caso, por enquanto, visto meus sonhos com meinhas vermelhas e mantenho aquecidas as lembranças do que ainda não tenho.