terça-feira, 12 de junho de 2007

Sombrinhas Paraguaias

Paulinho Marchese e Fabiano Cerolli, o Mano, pediram que eu escrevesse contando essa história. Viajaram com as esposas para a Espanha em fevereiro do ano passado. Adoraram Lugo, com sua muralha medieval e suas lojas e restaurantes charmosos. Brincaram na neve e esquiaram nas montanhas geladas da região da Galícia. Conheceram Madri e sua movimentada vida noturna, seus monumentos e pontos turísticos e o estádio do Real Madri.
Durante um jantar, o Paulinho estava me contando os acontecimentos da viagem e sobre o jogo do Real Madri. Ele e o Mano tinham deixado as esposas no hotel e se aventurado a ir, de metrô, ao estádio para ver o jogo do Real Madri contra o Liverpool. Estava chovendo, então levaram as sombrinhas das esposas. O detalhe é que nenhum dos dois sabia falar espanhol. Nem portunhol. Viravam-se com um português com sotaque. E não tinham ingresso.
O jogo era importante e iam tentar comprar de cambistas na frente do estádio. No hotel, asseguraram que teria alguém vendendo. Conseguiram, não sei como, comunicar-se com um senhor e compraram dois ingressos por cem euros cada. Na entrada do estádio, ficaram preocupados, pois viam que os ingressos das outras pessoas eram diferentes. Acharam que o deles era falso e que seriam barrados. O Paulinho falou, relembrando o episódio:
- Tínhamos de passar por uma revista para entrar, Angela, eles estavam parando todo mundo. O Mano me empurrou na frente. Olha só o que é a segurança dos caras. Um deles, só de apalpar a sombrinha, que estava dentro da sacola de plástico que eu levava, descobriu que era do Paraguai.
- Como assim? - perguntei.
-Quando chegou a nossa vez, ele apalpou a sacola e disse: Paraguai, Paraguai?- respondi que sim e ele me deixou passar.
Depois, a esposa do Paulinho protestou:
- Mas a minha sombrinha não é do Paraguai.
Achei aquilo estranho e perguntei:
- Tem certeza que ele falou "Paraguai?", por acaso não falou paraguas?
- Sim, paraguai, paraguas, algo assim. Só de apalpar ele descobriu - me disse o Paulinho, entusiasmado com a eficiência dos seguranças espanhóis.
Comecei a rir e falei: - Claro, Paulinho. Porque sombrinha em espanhol é paraguas.
Todos desataram a rir, e esse episódio foi escolhido como o mais engraçado da viagem.
(texto publicado no caderno viagem da Zero Hora em15-05-07)

Nenhum comentário: